BIOGRAFIA
Antonio Augusto Borges de Medeiros
Nasceu em Caçapava do Sul (RS), em 19 de novembro de 1863 e faleceu em Porto Alegre, em 25 de abril de 1961.
Realizou seus estudos na Faculdade de Direito de São Paulo em 1881, tornando–se membro do Clube Republicano Acadêmico e iniciando-se nas idéias positivistas de Augusto Comte. Transferiu-se para a Faculdade de Direito de Recife, na qual diplomou-se bacharel em 1885.
De volta ao Rio Grande do Sul, exerceu a advocacia em sua cidade natal. Ali, continuou sua vida política e tornando-se o chefe local do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado por Júlio de Castilhos. Com a proclamação da República, foi nomeado delegado de polícia de Caçapava e foi eleito para deputado nas eleições constituintes de 1890. Em 1892, foi escolhido para desembargador para o Superior Tribunal de Justiça do Estado, porém renunciou pouco depois por considerá-lo incompatível com sua atividade política.
Durante a Revolução Federalista de 1893, Borges combateu ao lado das forças legalistas e recebeu a patente de tenente-coronel do Exército.
Em 1898, Júlio de Castilhos indicou-o para sucedê-lo na Presidência do Estado, sendo reeleito em 1902 ainda por indicação de Castilhos. No governo, procurou dar continuidade ao projeto político do castilhismo. Após a morte de Castilhos, em 1903, Borges assumiu o controle do partido, mantendo-o por mais de duas décadas, mesmo no período que afastou-se da Presidência (1908 e 1913).
De volta ao governo gaúcho em 1913, promoveu a estatização de serviços públicos, como o transporte ferroviário e obras portuárias, ao mesmo tempo que trouxe para o estado capitais estrangeiros na área da frigorificação da carne ( Armour e Swift ).
Em 1917 reelegeu-se ao governo do estado. Em 1922, apoiou a candidatura oposicionista de Nilo Peçanha à presidência da República, lançada pela Reação Republicana, contra Artur Bernardes, apoiado por mineiros e paulistas. Bernardes venceu o pleito, mas no Rio Grande do Sul a vitória coube à Reação Republicana por larga diferença.
Borges voltou a concorrer em 1922, disputando seu 5º mandato. A oposição, liderada por Joaquim Francisco de Assis Brasil, contava com o apoio do governo federal comandado por Bernardes e setores dos fazendeiros, cuja atividade estava em crise. Borges venceu, porém a vitória foi contestada pelos partidários de Assis Brasil que deflagraram o movimento armado em janeiro de 1923. O conflito se estendeu por todo o ano e somente no mês de dezembro, chegou-se em um acordo, oficializado no Pacto de Pedras Altas. Por esse acordo, a oposição aceitava o novo mandato de Borges de Medeiros que ficava, porém, impossibilitado de buscar uma nova reeleição.
Em 1924, aproximou-se do Presidente Bernardes, enviando efetivos da Brigada Militar gaúcha para combater o levante tenentista deflagrado, naquele ano, na capital paulista. Logo, porém, enfrentou rebeliões semelhantes quando guarnições do Exército localizadas em cidades do interior do Rio Grande do Sul se sublevaram sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes.
Borges afastou-se do governo gaúcho em 1928, indicando Getúlio Vargas para substituí-lo. No decorrer de 1929, os mineiros decidiram articular uma chapa de oposição à Presidência da República, encabeçada por um gaúcho - Borges de Medeiros ou Getúlio Vargas. O próprio Borges, entretanto, optou pelo nome de Vargas. Formou-se, então, a Aliança Liberal. A eleição de março de 1930 deu a vitória a Júlio Prestes. Borges reconheceu o resultado, manifestando-se contrário à rebelião. Entretanto membros da Aliança Liberal eram favoráveis a uma solução armada, principalmente os mais jovens e os militares oriundos do movimento tenentista que apoiaram Vargas. Somente às vésperas do movimento, Borges deu seu aval.
Após a instalação do Governo Provisório, Borges iniciou campanha para o retorno ao regime constitucional. Apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, articulando, junto com outros líderes gaúchos, um levante no Rio Grande do Sul contra o interventor federal no estado, Flores da Cunha, que, fiel a Vargas, enviara tropas para combater os paulistas. Borges foi preso, passando a liderança do PRR a Maurício Cardoso.
Anistiado em maio de 1934, em julho do mesmo ano concorreu à presidência da República na eleição indireta realizada pela Assembléia Nacional Constituinte, reunida desde o ano anterior. Nessa ocasião, foi o segundo mais votado com 59 votos contra os 175 dado ao vencedor, Getúlio Vargas. Em seguida, elegeu-se deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Na Câmara fez parte das Oposições Coligadas (ou Minoria Parlamentar), bloco de oposição a Vargas no Congresso. Foi cassado em 1937 pelo golpe do Estado Novo, decretado por Vargas, mas mesmo assim divulgou manifesto de apoio à nova ordem. Afastou-se, então, da vida política.
Em 1945, foi aclamado como presidente de honra da seção gaúcha da União Democrática Nacional (UDN), mas não retomou a atividade política. No final de sua vida, abdicou dos princípios filosóficos do positivismo, convertendo-se ao catolicismo.
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