IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DO ACERVO:

Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961), constituinte da Primeira República, governador do Rio Grande do Sul por cinco mandatos, num total de 25 anos, chefe unipessoal de partido, com influência marcante na política nacional, é figura indispensável na agenda de qualquer pesquisador de história republicana. E tendo falecido aos 98 anos, transitou da monarquia de Pedro II ao governo de Jânio Quadros, sempre atento aos problemas brasileiros. Quando estudante de Direito e advogado, participou da propaganda da Abolição e da República; foi líder partidário durante três decênios; depois da abertura política de 1945, já octogenário, ainda foi presidente de honra da União Democrática Nacional no Rio Grande do Sul.

Por tudo isso, pode-se avaliar a importância do arquivo pessoal desse homem público, que ciosamente conservou seus papéis, sobretudo durante o longo período em que exerceu liderança no Estado, desde 1898 até 1937. O grande acervo documental que em 1960 confiou pessoalmente ao Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, compreendendo dezenas de milhares de cartas, ofícios, relatórios, cartões e telegramas recebidos, bem como milhares de minutas de correspondência expedida , é um exemplo extraordinário repositório de informações, provavelmente sem paralelo entre os arquivos particulares de todo o Brasil.

Mesmo lutando com severas dificuldades materiais, o Instituto detentor desse arquivo tratou de organizá-lo na medida do possível, colocando-o à disposição dos historiadores. Renomados pesquisadores da história republicana do Rio Grande do Sul e do Brasil já se valeram do Fundo Borges de Medeiros para seus trabalhos, como é o caso de Joseph Love, de Artur Ferreira Filho, de Loiva Otero Félix, de René Gertz e outros. E desde que sejam aperfeiçoados seus meios de busca e de consulta, com largo apelo aos recursos da informática, o acervo documental de Borges de Medeiros certamente produzirá notável efeito multiplicador dos estudos de história brasileira da primeira metade do século XX.

Sérgio da Costa Franco



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